terça-feira, 16 de abril de 2013

Siga O Traçado E Ganhe Tempo


Saiba como não perder alguns segundos preciosos antes de cruzar a linha de chegada



A relação é simples e bastante óbvia. Quanto maior a distância percorrida em uma prova, maior será o tempo gasto pelo atleta para cruzar a linha de chegada. No entanto, muitos corredores parecem não dar a mínima para essa equação, e quase sempre correm além da metragem oficial de uma competição — talvez por desconhecerem como são medidos os percursos —, perdendo um tempo precioso. “É impressionante, mas no Brasil ainda vejo vários corredores contornando as curvas de forma completamente errada, inclusive os de elite”, assusta-se Ivan Gomes Junior, medidor de corridas certificado pela IAAF (Federação Internacional de Atletismo). “Isso faz uma diferença absurda no tempo final”, completa Adriano Bastos, atleta profissional e diretor técnico da assessoria esportiva que leva seu nome.
Os percursos das corridas são medidos pelo trajeto mais curto que um atleta pode percorrer na prova. As curvas são sempre feitas da forma mais fechada possível, rente à guia da calçada. Quando há uma sequência de curvas, é traçada uma linha reta entre os pontos de tangência. “O correto é não acompanhar a oscilação”, explica Adriano. Para manter o traçado certo, é importante o atleta se manter ligado e prever as mudanças de lado que fará no percurso, para se posicionar bem e evitar movimentos bruscos em cima da hora, pois cruzar a pista de repente na frente de outros corredores é arriscado e pode até causar acidentes. Outra coisa que facilita fazer os contornos de forma correta é analisar o percurso antes da prova e  memorizar os lados das curvas.
Mas a principal dificuldade de um amador para seguir o traçado ideal é a multidão que participa das corridas. Muitas vezes, o atleta fica encaixotado e é obrigado a fazer as curvas abertas. “A melhor forma de evitar esse problema é posicionar-se na largada no local indicado para o seu pace. Se todos respeitarem isso, terão a pista mais livre para correr”, destaca Ricardo Hirsch, diretor técnico da Personal Life. Sair dentro do ritmo também evita ter que  ficar costurando para ultrapassar os atletas mais lentos, o que aumenta a distância percorrida em uma prova.
Quilômetro por quilômetro em três passos
1. A aferição do percurso de uma corrida de rua é trabalhosa e repleta de detalhes. A medição é feita com um instrumento chamado clane jones – uma espécie de marcador de passos –, que é instalado no garfo da bicicleta. A primeira coisa a ser feita é calibrar o instrumento.
Uma linha reta de 300 metros é medida no chão com uma fita métrica – no mundo existem apenas duas marcas homologadas para isso – e percorrida algumas vezes com a bicicleta, para saber quantos passos são contados no clane jones nessa distância. Depois, aplica-se uma regra de três para conhecer o número de passos necessários no aparelho para marcar 1 km.
2. A tarefa seguinte é percorrer com a bicicleta o trajeto da corrida – que é projetado antes pelo organizador da prova – e marcar quilômetro por quilômetro. Geralmente, isso é feito de madrugada, pois nem sempre é possível fechar o trânsito pelo tempo necessário para executar o serviço. “Costumo levar 8 horas para medir o trajeto de uma maratona”, conta Ivan.
No final, é realizada uma nova calibragem do clane jones, já que a dilatação do pneu altera a regulagem do aparelho, e calcula-se uma média com os números obtidos na calibragem inicial. “É um trabalho que exige paciência, não pode ter pressa para acabar. Qualquer variação dá diferença no final. Às vezes, se começo a medir um percurso e a temperatura aumenta muito, preciso parar e voltar no dia seguinte, para recomeçar com a mesma temperatura com que iniciei a medição”, explica Ivan.
3. Mas não acaba por aí. Para concluir a certificação do percurso junto à CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) ou a IAAF, é necessário fazer um relatório detalhando quilômetro por quilômetro, o mapa completo do trajeto e o perfil altimétrico do percurso. “São três dias preenchendo e desenhando a documentação para certificar uma maratona”, diz Ivan. “Todo esse processo é feito para garantir que atletas do mundo inteiro corram em condições de igualdade”, destaca. A certificação de uma prova vale por cinco anos e precisa ser refeita quando um recorde é batido na competição ou é feita qualquer alteração no trajeto. Toda corrida internacional ou com premiação em dinheiro precisa ter seu percurso certificado pelas entidades oficiais do atletismo.
Blue line
Nas competições oficiais da Federação Internacional de Atletismo e em grande parte das principais corridas de rua do exterior, os organizadores pintam no asfalto uma linha azul que marca o trajeto exato percorrido durante a aferição do percurso. Se o atleta correr o tempo todo sobre essa faixa azul, fará todas as curvas com a tangente perfeita e percorrerá a distância exata da prova. Geralmente, a marcação é traçada com uma tinta à base de água que desaparece alguns dias após a competição. O site da Maratona de Nova York revela que são usados 75 galões de tinta azul para pintar a linha no percurso da prova.

Fonte: Revista 02 Por Minuto

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